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Projeto nacional desenvolveu sistema sem fios (Jornal de Notícias)
A EFACEC e o Insituto de Engenharia de Sistemas e Computadores - Tecnologia e Ciência (INESC TEC) desenvolveram um contador elétrico inteligente de comunicação sem fios, que permite a monhtorlzação em tempo real dos consumos energéticos. Além de possibilitar poupanças energéticas e a redução de custos operacionais, o MTGrid (MultiTechnoloy Communication Infrastructure for the Smart Grid) pode ser uma ferramenta eficaz para a prevenção de catástrofes. Os criadores garantem que esta é "uma solução de primeira linha” para a implementação da rede inteligente.
“Os atuais equipamentos não têm ligação ao operador. Existem algumas soluções PLC, que usam a própria rede elétrica para transmitir informação, mas esta solução é mais versátil e fiável”, afirma Manuel Ricardo, coordenador do Centro de Telecomunicações e Multimédia do INESC TEC. Com o MTGrid, a rede é formada automaticamente e não é necessário alterar outros equipamentos. "O contador fica de imediato ligado à rede e a transmitir dados” e "com mais qualidade do que as redes PLC, que apresentam sempre algum ruído”.
A sua implementação trará várias vantagens. "Permite leituras de forma automática, reduzindo bastante os custos operacionais e tornando mais fácil detetar fraudes”, diz Luós Martins, investigador da Efacec. E liberta recursos para a parte operacional e reparação de avarias. Irá também melhorar a monitorização e a reação a catástrofes. “Atualmente o operador só monitoriza a partir do posto de transformação; como MTGrid pode monitorizar a partir das casas”, adianta Filipe Ribeiro, do INESC TEC. Pode logo reagir-se quando ocorram picos de tensão, por exemplo.
Por último, um contador deste tipo abre caminho à “Internet das coisas” e à exploração de novos modelos de negócio, como a microprodução de energia em casa ou a tendência dos carros elétricos. ”Este contador consegue gerir tudo isto para tornar os consumos mais eficientes e as casas mais inteligentes em todos os sentidos”, assegura Jaime Dias, investigador do INESC TEC.
Em dois anos, o projeto, que teve apoios comunitários, passou da mesa de investigação para a mesa da produção. Os três investigadores acreditam que será uma questão de tempo até entrarem no mercado. "É do interesse do consumidor e do operador”, garante Filipe Ribeiro. Cada unidade fica por menos de 100 euros e tem um tempo de vida até 30 anos, tal como os atuais. Este contador sem fios também poderá ser usado em complemento à tecnologia PLC que está a ser desenvolvida pela Efacec.
"Há situações em que uma funciona melhor do que a outra. Com este modelo, as duas tecnologias podem ser usadas na mesma zona, no mesmo posto de transformação, para permitir sempre a melhor comunicação. E nós podemos ser o fornecedor nacional de ambas as soluções”, promete António Carrapatoso, diretor de Inovação da Efacec.
Um laboratório ao serviço da sociedade
O INESC TEC (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores Tecnologia e Ciência) é um laboratório associado especializado em l&D (Investigação e Desenvolvimento) e Transferência de Tecnologia. Com seis polos espalhados por Porto, Braga e Vila Real, agrega 12 centros de l&D e uma Unidade Associada com competências complementares e vocaclonadas para o mercado internacional. É composto por 800 colaboradores, sendo que 600 são Investigadores (250 doutorados em dedicação exclusiva). Fundado há 30 anos pelo INESC, a Universidade do Porto (UP) e a Faculdade de Engenharia do Porto, viu em 2008 juntar-se-lhe a Faculdade de Ciências e o Instituto Politécnico do Porto (IPP). Com a passagem da UP a fundação, ficou com três associados: a UP, o INESC e o IPP. "Somos um Instituto de Interface entre a universidade e o tecido empresarial. O objetivo é conseguirmos, com as empresas, desenvolver protótipos que possam ser usados por elas, ajudando-as a aumentar o seu volume de faturação”, explica Manuel Ricardo, coordenador do Centro de Telecomunicações e Multimédia. São, por isso, projetos com “grande potencial de serem aplicados na sociedade”.
Jornal de Notícias, 25 de maio de 2015