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INESC TEC inventa protótipo 3D (Porto 24)
O INESC TEC (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores – Tecnologia e Ciência ) desenvolveu o Personalized Multiview Environment, um protótipo, explicou ao P24 a investigadora Maria Teresa Andrade, que coordena o projeto com Tiago Costa, “permite que o utilizador escolha a perspetiva com que quer ver um dado vídeo, sem que tenha de carregar em nenhum botão”.
Os investigadores queriam uma alternativa ao uso de botões e mesmo aos mecanismos de reconhecimento de gestos, que “não são muito cómodos nem apropriados”, explicam. “O ideal seria controlar isso com os olhos ou a cabeça”, afirma Maria Teresa Andrade. Foi dessa ideia que arrancou o projeto. Com uma câmara instalada por cima do ecrã ou televisão, o protótipo deteta os movimentos “dos olhos e da cabeça” e, ao fazê -lo, o vídeo ajusta-se, apresentando “o que chamou a atenção do utilizador no centro da imagem”. Este projeto do INESC TEC foi desenvolvido com recurso a várias câmaras apontadas para sítios diferentes mas com uma diferença de graus muito pequena, para “não prejudicar a experiência do utilizador”.
Um fator que faz com que o protótipo aumente a imersão do utilizador é o facto de estar otimizado para funcionar em 2D e 3D. Com o 3D, embora “consuma mais largura de banda”, a experiência torna-se mais próxima da realidade, dando a sensação de que o utilizador “está lá”.
A investigadora responsável destaca que o Personalized Multiview Environment ganha outra funcionalidade com a utilização de câmaras que filmam a 360 graus, ou seja, que captam toda a envolvência e não apenas o que está diante da lente. Esse tipo de câmaras oferece uma experiência mais imersiva ao utilizador, seja num concerto, numa festa popular, “como o S. João”, ou mesmo num contexto de trabalho.
“Nas festas populares, teríamos uma câmara 360 que andava pelas ruas da cidade e, por exemplo, alguém que lá tivesse estado podia procurar-se na multidão. Numa imagem geral, não ia conseguir ver-se, mas com recurso a esta tecnologia pode aproximar”, refere Maria Teresa Andrade.
Outra das possíveis aplicações do protótipo prende-se com situações de ensino e de trabalho. Com o protótipo, é possível que alguém esteja, “por exemplo, a fazer manutenção num local” e um outro trabalhador, à distância, oriente o técnico ao aproximar um dado detalhe periférico na imagem transmitida pelo capacete.
O Personalized Multiview Environment é financiado pelo ON.2 – O Novo Norte – Programa Operacional Regional do Norte (fundos comunitários) e pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Ao todo, o financiamento do projeto, atribuído para três anos, rondou os 60 mil euros. Este é um gadget que vai demorar ainda a chegar ao mercado, já que o projeto está numa fase “muito embrionária”. Os investigadores não estão ativamente a contactar empresas, mas há nove meses receberam o contacto de uma produtora de documentários interessada em saber mais sobre a tecnologia. O objetivo é que a comercialização e adaptação do protótipo fosse alvo de candidatura a fundos comunitários. O “atraso na definição do Portugal 2020”, refere Maria Teresa Andrade, atrasou o processo.
P24, 29 de maio de 2015