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Portugal está a desenvolver um protótipo para monitorizar os oceanos (NotÃcias do Mar)
A monitorização integrada dos diferentes componentes dos oceanos vai fornecer informações que permitem detectar alterações na biodiversidade, impactos no clima, detectar anomalias ambientais e promover a gestão sustentáveç dos recursos.
As investigadoras do IPMA, Antonina dos Santos, Alexandra D. Silva e Cátia Bartilotti, fazem parte do grupo de investigadores portugueses que está a criar um sistema autónomo multitrófico que monitorize de forma integrada os oceanos, permitindo assim uma gestão mais sustentável dos recursos marinhos e uma redução dos impactos de riscos ambientais.
A monitorização integrada dos oceanos que os investigadores querem levar a cabo com o projeto MarinEye (um protótipo multitrófico para monitorização oceãnica) vai fornecer informações que permitem identificar alterações na biodiversidade.
Até agora não era viável observar e interpretar os diferentes componentes oceânicos (fÃsicos, quÃmicos, bioquÃmicos e biológicos) ao mesmo tempo, conjuntamente com diferentes nÃveis tróficos, desde microrganismos a mamÃferos marinhos. Com o MarinEye, através da utilização de tecnologia avançada, vai ser possÃvel, de modo sincronizado em termos espaciais e temporais, analisar estas questões.
O projeto está a ser desenvolvido por vários grupos de investigação portugueses provenientes do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), lÃder do projeto, Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e Centro de Ciências do Mar e do Ambiente - Politécnico de Leiria (MARE - IP Leiria).
"A vida no planeta está dependente de processos oceânicos, uma vez que são eles que produzem grande parte do oxigénio disponÃvel na Terra, regulam o clima e fornecem vários recursos vivos e não vivos, como alimentos, energia, transporte ou medicamentos. Assim, torna-se imperativo que tenhamos um conhecimento cada vez mais profundo dos nossos oceanos e saibamos como é que os organismos marinhos interagem com o meio e entre si, de modo a compreendermos como é que estes processos influenciam a estabilidade global dos oceanos", explica Catarina Magalhães, investigadora do CIIMAR e coordenadora do projeto MarinEye.
O projeto, que vai terminar em abril de 2017, terá vários módulos. O primeiro será um sistema de multisensores, que vai integrar diferentes sensores fÃsico-quÃmicos que vão medir, por exemplo, parâmetros como a temperatura, salinidade, oxigénio dissolvido, pH, entre outros, e uma plataforma de sensores óticos que vai ser validada para medição de dióxido de carbono dissolvido. O segundo módulo trata-se de um sistema de filtração autónomo, desenhado para filtrar água, retendo e preservando no filtro o DNA de diferentes classes de tamanho das comunidades de microrganismos que habitam e representam a maior biomassa dos oceanos. O terceiro módulo diz respeito a um sistema de imagem de alta resolução, que vai recolher imagens de fito e zooplâncton, para avaliar a sua abundância e biodiversidade. O último módulo trata-se de um sistema de acústica, com capacidade de fazer recolha de dados hidroacústicos, para recolher informação relativa à presença de mamÃferos marinhos e estimativas de abundância de peixes.
Todos estes módulos vão depois ser conjugados num sistema integrado autónomo que vai produzir o protótipo MarinEye. Este sistema vai ainda incluir uma plataforma de integração dos diferentes tipos de dados que vão ser gerados. Associado a esta plataforma vai ainda existir um software que permitirá visualizar e sumariar os dados, além de desenvolver uma série de modelos cujo objetivo é integrar e identificar inter-relações entre os diferentes parâmetros quÃmicos, fÃsicos e biológicos obtidos através dos diversos módulos do MarinEye.
"O tipo e a quantidade de informação que o MarinEye vai possibilitar aceder, poderá ser uma base para a construção de um sistema de gestão dos recursos marinhos mais eficiente, assegurando assim a proteção deste meio para as gerações presentes e futuras", mostra Eduardo Silva, coordenador do Centro de Robótica e Sistemas Autónomos do INESC TEC.
Os quatro parceiros nacionais que compõem a equipa do MarinEye têm diferentes papéis. O CIIMAR é o promotor do projeto e, juntamente com o IPMA e o MARE-Politécnico de Leiria, forma uma equipa de biólogos e quÃmicos de diversas especialidades responsáveis pela validação das variáveis obtidas com os diferentes módulos do MarinEye. O INESC TEC inclui uma equipa de investigadores na área da robótica, uma equipa especialista no desenvolvimento de sensores em fibra ótica e uma equipa de investigadores especialistas em análise de dados, que vão ser responsáveis pelo desenvolvimento das componentes de robótica, sensores óticos e software de visualização e integração de dados, respetivamente.
O projeto MarinEye é financiado pelo programa EEA Grants em cerca de 400 mil euros.
NotÃcias do Mar, 1 de junho de 2016