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Porto ajuda a desenvolver robô para recolha de materiais na indústria automóvel (Diário Digital)
Investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), do Porto, estão a participar num projeto europeu para criar o primeiro robô manipulador móvel, que desenvolve operações de recolha de materiais na indústria automóvel.
O objetivo é desenvolver robôs inteligentes (com sensorização avançada, planeamento, manuseamento de peças, navegação autónoma e integração no sistema de execução de produção da fábrica) para efetuar operações de 'picking' (recolha) numa linha de montagem automóvel.
De acordo com Germano Veiga, investigador do Centro de Robótica Industrial e Sistemas Inteligentes do INESC TEC, essas operações passam pela recolha dos componentes especÃficos para cada automóvel e pela criação de um 'kit' (caixa), que vai ser entregue aos operadores que trabalham na linha de montagem.
Atualmente, essa "tarefa de supermercado" é realizada por funcionários que andam em pequenos carros, percorrem o espaço e montam o 'kit', explicou à Lusa o investigador.
Os robôs existentes no mercado "operam apenas em ambientes onde tudo tenha uma ordem especÃfica", podendo ficar "desorientados quando algo sai da norma", pode ler-se na informação sobre o projeto, disponibilizada na página oficial da Universidade do Porto.
"Cada vez que um produto é alterado numa fábrica, os robôs precisam de ser reprogramados, tarefa morosa e cara", lê-se ainda.
O manipulador móvel Stamina, criado neste projeto europeu, utiliza câmaras e lasers para se movimentar e o braço robótico para a realização de várias tarefas de manuseamento, podendo ser programado e controlado mesmo por pessoas sem experiência na área da robótica.
Os investigadores do INESC TEC participaram na parte da navegação e da localização, bem como na coordenação entre os múltiplos robôs.
Atuaram ainda na integração do robô no sistema de produção da Peugeot Citroen, com o qual manipulador móvel necessita de comunicar, recebendo ordens de fabrico e reportando problemas na produção, por exemplo.
Neste momento, a equipa de investigação portuguesa está a trabalhar "apenas em dois protótipos", mas foram desenvolvidos algoritmos que permitem, posteriormente, criar uma frota que possa corresponder à necessidade de produção da empresa, indicou Germano Silva.
O projeto termina em março de 2017, e a previsão é que, imediatamente após o final, se inicie um processo de industrialização.
Para além do INESC TEC, a investigação, que iniciou em 2013, conta com a colaboração das universidades de Aalborg, na Dinamarca, de Freiburg e de Boon, na Alemanha, e de Heriot-Watt, na Escócia.
As empresas BA Systèmes e a PS Peugeot Citroen, da França, são também parceiras neste projeto, cujo investimento foi de cinco milhões, por parte do 7.º Programa-Quadro da União Europeia.
O Stamina vai ser apresentado entre os dias 21 e 24 de junho, na Automatica, uma feira de robótica industrial, que decorre em Munique, na Alemanha, juntamente com mais dois robôs e duas empresas portuguesas.