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Investigadores portugueses apresentam protótipo para monitorizar oceanos (Agricultura e Mar)
Um grupo de investigadores portugueses criou um sistema autónomo que monitoriza de forma integrada os oceanos, permitindo assim uma gestão mais sustentável dos recursos marinhos e uma redução dos impactos de riscos ambientais. É esse sistema que vai ser apresentado este sábado, 29 de Abril, às 16 horas, no Centro de Robótica e Sistemas Autónomos do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), que fica localizado no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP).
O conceito de monitorização integrada dos oceanos desenvolvido pelos
investigadores do projecto MarinEye (um protótipo multitrófico para
monitorização oceânica) vai fornecer ferramentas que permitem
identificar
alterações na biodiversidade.
O projecto, liderado pelo Centro Interdisciplinar de Investigação
Marinha e Ambiental (CIIMAR), foi desenvolvido em colaboração com vários
grupos de investigação portugueses nomeadamente o Instituto de
Engenharia
de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), o
Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e o Centro de Ciências
do Mar e do Ambiente – Politécnico de Leiria (MARE – IP Leiria).
O protótipo que vai ser apresentado é composto por vários módulos:
- Sistema de multi-sensores, que vai integrar diferentes sensores
físico-químicos que vão medir, por exemplo, parâmetros como a
temperatura, salinidade, oxigénio dissolvido, pH, entre outros, e uma
plataforma de
sensores óticos que vai ser validada para medição de dióxido de carbono dissolvido; - Sistema de imagem de alta resolução, que recolhe imagens de fito e zooplâncton, para avaliar a sua abundância e biodiversidade;
- Sistema de acústica, com capacidade de fazer recolha de dados hidroacústicos, para recolher informação relativa à presença de mamíferos marinhos e estimativas de abundância de peixes;
- Sistema de filtração autónomo, desenvolvido para filtrar e preservar o DNA/RNA de diferentes classes de tamanho das comunidades de micro-organismos que habitam e representam a maior biomassa dos oceanos.
Todos os módulos foram conjugados num sistema integrado autónomo que culminou no protótipo MarinEye. O sistema inclui ainda uma plataforma de integração dos diferentes tipos de dados que vão ser gerados.
Visualizar e sumariar os dados
Associado a esta plataforma existe também um software que permite
visualizar e sumariar os dados, além de desenvolver uma série de modelos
cujo objectivo é integrar e identificar inter-relações entre os
diferentes
parâmetros químicos, físicos e biológicos obtidos através dos diversos módulos do MarinEye.
A habitabilidade do nosso planeta está dependente dos processos oceânicos, mas até à data não era viável observar e interpretar em simultâneo os diferentes componentes oceânicos, conjuntamente com diferentes níveis tróficos, desde microrganismos a mamíferos marinhos. “Estamos convictos que o conceito de monitorização integrada e sincronizada no tempo e espaço de parâmetros físicos, químicos e biológicos implementado no MarinEye, é essencial para o conhecimento da complexidade dos ecossistemas marinhos e será certamente, num futuro próximo implementado em diferentes observatórios oceânicos.”, referem Catarina Magalhães, investigadora do CIIMAR e coordenadora do projecto, e Eduardo Silva, coordenador do Centro de Robótica e Sistemas Autónomos do INESC TEC.
No futuro, aqueles investigadores pretendem operacionalizar esta tecnologia em contexto real e ainda integrar neste protótipo novas tecnologias, como por exemplo bio-sensores, no sentido de recolher o máximo de informação dos diferentes níveis do compartimento biológico in situ.
Os quatro parceiros nacionais que compõem a equipa do MarinEye tiveram diferentes papéis. O CIIMAR é o promotor do projecto e, juntamente com o IPMA e o MARE-Politécnico de Leiria, formaram uma equipa de biólogos e químicos de diversas especialidades responsáveis pela validação das variáveis obtidas com os diferentes módulos do MarinEye. O INESC TEC incluiu uma equipa de investigadores na área da robótica, uma equipa especialista no desenvolvimento de sensores em fibra ótica e uma equipa de investigadores especialistas em análise de dados, responsáveis pelo desenvolvimento das componentes de robótica, sensores ópticos e software de visualização e integração de dados, respectivamente.
O projecto MarinEye (PT02_Aviso4_0017) foi financiado pelo programa EEA Grants, em cerca de 400 mil euros.