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As melhores profissões do futuro

  • as 12 áreas da tecnologia que vão ter pleno emprego;
  • o que deve fazer para agarrar estas oportunidades;
  • os trabalhos que vão desaparecer.

TECNO-ESPECIALIDADES

Com a ajuda de um supercomputador, é possível que o governo de uma empresa, de uma cidade, ou até de um país possam sair beneficiados – mas essa é apenas uma das vertentes da evolução que se perfila e que, eventualmente, vai obrigar a Comissão Europeia a rever, a médio prazo, as previsões que já apontavam para uma escassez de 750 mil profissionais das tecnologias em 2020. Antes desse dia talvez não muito longínquo, em que gestores e governantes passarão a socorrer-se da supercomputação para tomar decisões, a Internet chegará a todos – mesmo todos – quadrantes das nossas vidas; haverá sensores que debitam informação, algoritmos que extraem padrões, aplicações que têm noção de preconceitos e emoções do ser humano, e ainda um sem número de equipamentos robóticos que terão de ser configurados, reparados, geridos, e reciclados – e que vão representar um aumento do consumo de energia, apesar da potencial escassez.

«A informática vai deixar de ser uma coisa apenas para informáticos», prevê Mário Caldeira, presidente do Instituto Superior de Gestão e Economia (ISEG). Se entre os anos 1990 e a atualidade, as tecnologias foram dominadas por programadores e profissionais de eletrotecnia de âmbito generalista, na próxima década serão os perfis que conseguem aplicar as tecnologias aos diferentes setores que farão a diferença. O que no limite poderá abrir caminho a robôs que dão aulas de literatura moderna, a ambulâncias autónomas que se encaminham para os locais onde a rede detetou um acidente, ou operadores que controlam vários drones ao serviço de pizarias e supermercados.

A revolta dos operários contra as máquinas é incontornável em qualquer livro de história – e hoje essa ameaça ainda paira sobre a humanidade, mas numa nova variante. As máquinas industriais estão mais eficazes e fiáveis que nunca, mas desta vez não são só as denominadas “profissões braçais†que têm a concorrência de dispositivos mecânicos, eletrónicos ou robotizados. De ora em diante, a concorrência eletrónica poderá ser resumida a uma palavra: o algoritmo. Pode ser usado por um telefonista virtual, por um sistema de gestão de baterias de um automóvel ou para definir as escalas de um avião, mas será sempre um algoritmo (ou mais) que acabará por calcular, descobrir, executar ou apenas propor aquilo que antes eram os humanos calculavam, descobriam, executavam ou propunham.

Com uma sociedade dividida entre a vertiginosa velocidade digital e a herança analógica, as novas profissões não têm também por pressuposto uma nova vaga de desemprego? «As coisas estão a correr muito depressa e há uma série de coisas que terão de ser levadas em conta, para não nos depararmos com perdas de grande escala. Há coisas tão simples como saber como é que uma empresa terá de lidar com os descontos da segurança social, caso sejam feitos em função do número de robôs que usa para produzir», prevê Pedro Lima, investigador do Instituto de Sistemas e Robótica de Lisboa (ISR-L), numa previsão sobre o impacto da robotização da sociedade.

As previsões diferem: há quem anteveja um efeito mais disruptivo que poderá levar à extinção de metade das profissões atuais; e há quem acredite que haverá apenas uma mutação, que levará as “antigas†profissões a reciclarem-se.«Fenómenos como o inevitável avanço da inteligência artificial estão a transformar e a substituir empregos e funções que até aqui se consideravam imunes à automatização. A inteligência artificial permite que funções que até agora dependiam de raciocínio crítico e de julgamentos, possam vir no futuro a ser desempenhadas por sistemas de informação (o que já se está a assistir em áreas como a resolução de litígios, por exemplo). Nesse sentido, num conjunto de funções irá existir uma pressão salarial, pois o número de empregos em áreas e funções específicas tenderá a diminuir», descreve por e-mail Tiago Borges, Líder do Ãrea de Talentos, da Mercer Portugal.

Entre a ameaça do desemprego e a falta de mão de obra registada nos novos empregos, o futuro acabará por se impor. «Sim, vai continuar a crescer a procura por técnicos de robótica, mas é algo que vai ser feito através de um processo de substituição. É esse processo que vai levar uma fábrica de automóveis a evoluir para a produção de robôs; e que também permitirá que um técnico de reparação de máquinas de lavar aprenda também a montar e a reparar robôs», refere Eduardo Silva, investigador do INESC TEC e do Politécnico do Porto.

O processo de substituição promete funcionar como via redentora para quem quiser acompanhar a evolução tecnológica, mas não restam muitas dúvidas de que haverá sempre uma fatura social a pagar: «Assiste-se a um fenómeno de automatização, onde tarefas rotineiras, como o atendimento em postos de portagens e restaurantes de fast-food, têm tendência a serem extintas. Contudo, devido à valorização do contacto humano, irá sempre existir uma necessidade de “humanizar†as empresas. Por outro lado, encontramos funções que irão sofrer mutações como por exemplo, a área financeira. Devido às novas ferramentas de TI de análise de um grande conjunto de dados não estruturados em tempo real, consegue-se ter maior noção e dar uma resposta mais rápida às necessidades de negócio», refere José Miguel Pestana, responsável pela Ãrea de Tecnologias e Informação da Randstad.

Carlos Pinto, consultor especialista em recrutamento de perfis de Tecnologias da Informação da Hays, também aceita fazer uma previsão sobre os ofícios que se arriscam à extinção com a nova vaga: «profissões de atendimento ao público, seja presencial, seja telefónico, têm sido das profissões mais afetadas pelo avanço tecnológico. Cada vez mais, os atendimentos dos diversos serviços são automáticos e informatizados, eliminando assim profissões de outrora. Como exemplo temos as telefonistas, rececionistas, assistentes das portagens e outros serviços semelhantes».

Especialistas em próteses e implantes eletrónicos

O corpo humano sempre teve os dias contados. A eletrónica poderá não garantir a eternidade, mas pode funcionar como uma extensão do tempo e do espaço. «O pacemaker remonta aos 1960. O primeiro pesava não sei quantos quilos e funcionava em cima de uma mesa. Os mais recentes são implantáveis, como se sabe», refere Miguel Velhote Correia, investigador do INESC TEC e responsável pelo Laboratório de Bioinstrumentação do Centro de Investigação em Engenharia Biomédica.

Do mesmo modo que os portadores de pacemakers fazem uma vida dentro de padrões considerados normais, também se prevê que muitos outros portadores de próteses, ortóteses e implantes eletrónicos e/ou robotizados venham a fazer uma vida normal. Exosqueletos, mãos, braços e pernas robotizados que interpretam a energia elétrica dos músculos adjacentes, ou até chips e sensores que captam ondas cerebrais já começaram a ser explorados com sinais animadores, mas com custos longe de serem acessíveis.

Para que a pequena revolução prossiga, serão necessários técnicos que combinam conhecimentos de robótica, medicina e anatomia. Neste momento, é nos cursos de bioengenharia e de engenharia biomédica que se encontra a confluência dessas disciplinas. Mas outros perfis serão necessários para um setor que também pode usar a capacidade de interligação entre sinais analógicos e sinais eletrónicos para criar soluções que, mais do que suprirem deficiências, dão capacidades adicionais, que permitem executar tarefas repetitivas ou que superam a força humana. «No futuro, a tendência passará por acrescentar funcionalidades às diferentes soluções e por uma aproximação daquilo que fazem os órgãos humanos. Terá de haver uma miniaturização para que esses equipamentos sejam usados facilmente», conclui Miguel Velhote Correia.

Exame Informática, dezembro de 2016

 

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