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Projeto de 26,4 milhões de euros integra fontes energéticas renováveis na Europa (Dinheiro Vivo)

Um projeto de 26,4 milhões de euros, para criar tecnologias para integrar fontes de energia renováveis na Europa, conta com investigadores nacionais.

Investigadores portugueses estão a participar num projeto europeu que visa criar tecnologias para integrar fontes de energia renováveis na Europa até 2021, com um investimento de 26,4 milhões de euros, dos quais 20 milhões são financiados pela Comissão Europeia.

O objetivo destas tecnologias é garantir a segurança de abastecimento da rede elétrica, possibilitando uma maior integração das fontes renováveis e, consequentemente, a obtenção de energia mais limpa, disse à Lusa o investigador Bernardo Silva, do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), uma das instituições envolvidas no projeto.

“Permitindo uma maior integração de fontes renováveis e, ao mesmo tempo, reduzindo a necessidade da utilização de centrais térmicas, que utilizam combustíveis fósseis, poderá haver um impacto positivo no preço da energia”, notou.

O objetivo da Comissão Europeia é que, até 2030, pelo menos 50% da energia existente no continente seja proveniente de fontes renováveis, maioritariamente eólica, solar e hídrica, indica um comunicado do INESC TEC.

Denominado “EU-SysFlex” (Pan-European system with an efficient coordinated use of flexibilities for the integration of a large share of RES), o projeto, que terá um investimento total de 26,4 milhões de euros, vai identificar e avaliar os desafios técnicos e o desenvolvimento de estratégias técnicas, de mercado e de regulação, que permitam quantificar e tirar partido das flexibilidades existentes no sistema elétrico europeu.

“As flexibilidades do sistema elétrico consistem na possibilidade de se alterar o seu funcionamento convencional, de modo a apoiar a operação”, explicou o investigador Bernardo Silva.

Ao todo, vão ser instaladas oito áreas de demonstração na Europa para validar todas as ferramentas que estão a ser desenvolvidas no âmbito do projeto, em Portugal, na Alemanha, em Itália, na Finlândia, na França, na Estónia, na Letónia e na Polónia.

Em Portugal vai ser criado o “Virtual Power Plant”, localizado na barragem de Venda Nova III, no distrito de Vila Real, e nos parques eólicos situados na proximidade.

Este mecanismo vai permitir controlar a produção da barragem hídrica de acordo com as variabilidades do recurso eólico.

“Numa central convencional, consegue-se produzir uma certa quantidade de potência, que é constante durante um intervalo de tempo, porque é controlável. No entanto, quando começamos a ter energias renováveis, que têm como base fontes não controláveis, como o vento, não conseguimos garantir que um parque eólico produza uma potência constante durante determinado tempo”, indicou o investigador.

A ideia, continuou Bernardo Silva, é juntar ao parque eólico uma central hídrica controlável e operar ambos de forma combinada, criando uma central virtual, cuja operação terá o mesmo efeito de um central física.

“Imaginemos que num determinado momento não há vento suficiente para injetar na rede elétrica. Esta plataforma vai permitir perceber isso e dar ordens para que se turbine água da barragem, como se de uma central única se tratasse”, acrescentou.

Para além do “Virtual Power Plant”, o demonstrador português está a criar a ferramenta “Flexibility Hub”, que vai funcionar como um facilitador de mercado.

Esta ferramenta, coordenada pelo operador da rede de distribuição (que distribui energia até às casas), vai fornecer validações técnicas para as flexibilidades mobilizadas pelo operador da rede de transmissão (que interliga as centrais dos grandes centros produtores).

“Com todo o investimento que tem sido feito na área da energia e nos desenvolvimentos técnicos que daí têm surgido, apareceram também novos papéis, nomeadamente para os consumidores, que há uns anos eram atores passivos”, referiu Bernardo Silva.

Com os modelos representativos das redes de distribuição desenvolvidos neste projeto, tanto o operador da rede elétrica como o consumidor podem ser flexíveis, em caso de necessidade, podendo, por exemplo, reduzir o seu consumo para evitar congestionamentos na rede.

Neste projeto juntam-se ao INESC TEC outras 33 instituições, duas das quais portuguesas – a EDP Distribuição e o CNET – Centre for New Energy Technologies.

Para além de Portugal, participam a Irlanda, a Polónia, a Letónia, a Estónia, a Alemanha, o Reino Unido, a França, a Suécia, a Itália, a Bélgica, a Eslováquia, a Noruega e Espanha.

Dinheiro Vivo, 23 de novembro de 2017

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