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Climate KIC: Meio milhão de euros para incentivar uma economia de baixo carbono (Expresso)

A iniciativa “Climate KIC Portugal” é lançada esta terça-feira, em Lisboa, tendo como alvo uma "economia de baixo carbono", capaz de atenuar o impacto das alterações climáticas. Meio milhão de euros por ano vão financiar projetos que aliem conhecimento, inovação e mercado

Seis anos depois de a Comissão Europeia ter lançado o projeto “Climate KIC”, Portugal entra no comboio, conduzido pelo Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT), que tem por destino chegar a uma economia de baixo carbono ou de preferência sem carbono nenhum.

O percurso será longo. Pelo caminho, é preciso aliar os “KIC”. Ou seja, “é preciso juntar conhecimento (Knowledge), inovação (Inovation) e mercado (Community)”, explica ao Expresso Júlia Seixas, coordenadora do Climate KIC Portugal e investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova. Esta instituição lidera o consórcio que contará anualmente com meio milhão de euros de fundos europeus para apoiar projetos portugueses inovadores na área da eficiência energética, dos baixos consumos de energia ou da energias renováveis, colocando-os em rede com projetos similares na Europa. A participação é alargada a investigadores, startups, empresas e investidores.

“Temos um conjunto de recursos financeiros e de atividades que permitem acompanhar projetos ao longo de todo o ciclo, desde a formação académica à concretização no mercado”, afirma Júlia Seixas. E exemplifica: “Quando os miúdos de um curso de engenharia, por exemplo,estão a concluir um projeto e pretendem criar uma startup, precisam de um conjunto de informações sobre o funcionamento do mercado e o registo de patentes para se poderem posicionar no mercado europeu sem serem triturados. E este consórcio permite pô-los em rede com outras entidades a nível europeu e ajudá-los no acesso a concursos no espaço comunitário, aos quais não podiam concorrer até aqui”.

Projetos inovadores

Outro dos objetivos, salienta a investigadora, “é acelerar o processo de inovação de modo a passar da conceção da ideia para a prateleira da loja num espaço de tempo mais curto”. Isto porque, conta “enquanto nos EUA esta passagem leva mais ou menos cinco anos, na Europa leva uma década. E quando chegam à fase de comercialização já estão por vezes ultrapassados”.

No lançamento desta iniciativa, que decorre na Fundação Calouste Gulbenkian, serão apresentados oito projetos já selecionados pela Bulding Global Innovators (BGI), entidade “aceleradora de startups”, que disponibilizou 15 mil euros para cada um. Entre os selecionados, constam o Fibersail, que desenvolveu ferramentas tecnológicas que monitorizam e melhoraram o funcionamento das pás das turbinas eólicas; o PRSMA, que permite às famílias maior eficiência energética, controlando os consumos em tempo real; ou o Casas em Movimento, um tipo de arquitetura sustentável que concebe casas inteligentes que se movimentam em função do sol com painéis fotovoltaicos. “São projetos diferentes que permitem reduzir de forma significativa as emissões de gases de efeito de estufa e assim contribuir para uma economia de baixo carbono”, sublinha Júlia Seixas.

Além da aposta em projetos inovadores, o “Climate KIC” também pretende fornecer informação e conhecimento complementar a estudantes universitários, professores ou técnicos de empresas. É que, lembra a coordenadora da iniciativa, “de uma maneira geral nos cursos de engenharia ou de economia não se fala de alterações climáticas ou baixo carbono”. Ou seja, os currículos académicos mantém-se inalterados apesar da evolução do conhecimento nestas áreas, e para combater esta inação das universidades, a iniciativa pretende abrir as portas a formação complementar, em Portugal ou no estrangeiro, de modo informal ou até em módulos que sirvam de créditos ao percurso académico.

Poupar nas emissões e na carteira

“Iniciativas como o Climate KIC têm um efeito em cascata incentivador de práticas mais sustentáveis, nomeadamente no consumo de energia”, aplaude Luís Seca, coordenador do Centro de Sistemas de Energia do INESC TEC. Este instituto tem desenvolvido vários projetos inovadores ao nível da eficiência energética e das redes elétricas inteligentes, como o “UPGRID” que será apresentado no encontro desta terça-feira na Gulbenkian.

Trata-se de um projeto em desenvolvimento que integra “ferramentas que permitem monitorizar a rede elétrica, identificando quais os momentos do dia onde a carga é feita sobretudo por fontes renováveis”, explica Luís Seca. O objetivo é poder ter num futuro próximo “tarifas dinâmicas e alteração de comportamentos”. E dá um exemplo: “Estas ferramentas permitem flexibilizar a procura e responder às disponibilidades da rede elétrica, permitindo ao consumidor saber quando deve pôr o carro elétrico a carregar ou o ar condicionado a funcionar sem ter de recorrer a fontes primárias como os combustíveis fósseis.” Assim será possível poupar na conta da luz e reduzir os impactos no ambiente.

O lançamento desta iniciativa, na senda de uma “Economia de Baixo Carbono”, conta com a participação do ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, e do comissário europeu para a Investigação Ciência e Tecnologia, Carlos Moedas. O encontro também contará com a presença do diretor da Climate KIC UE, Mike Cherret, e do Climate KIC Espanha, Jose-Luis Muñoz.

Expresso, 28 de novembro de 2016

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