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Sinais regressam ao castelo de Montemor

Em 2015, os sinais regressam ao Convento da Saudação, desta vez intitulados 'Sinais de Fogo' , mas com o mesmo objetivo de colocar a sociedade civil a debater e a pensar sobre os principais temas que são matéria de dicussão nos dias de hoje. Rui Horta mantem o comando da equopa, mas a coordenação dos debates passa para a jornalista Ana Sousa Dias, atual subdiretora do Diário de Notícias.

Em 2012 Rui Horta e Carlos Vaz Marques iniciaram o projeto ‘Sinais de Fumo’, um conjunto de encontros com várias personagens que tinham como objetivos fazer “conversas para além da crise”. Muitos foram os temas tratados e debatidos ao longo dos 12 meses daquele ano e que trouxeram a Montemor-o-novo nomes relevantes da cultura, da economia, da história e da educação que debateram diversos temas. Aquelas conversas foram depois passadas para o formato de livro que foi editado no ano seguinte.

No editorial sobre esta nova iniciativa, refere-se que “passados três anos, sentimos novamente a necessidade de aprofundar o olhar e refletir sobre a nossa condição de portugueses inseridos num mundo global, complexo, cada vez mais implacável e competitivo, mas igualmente pleno de oportunidades. Ao denominarmos este ciclo de Sinais de Fogo conversas de fora para dentro, evocamos justamente esta condição de interdependência de fenómenos e dinâmicas globais que nos transcendem, convidando personalidades e especialistas que, para além do grande valor e protagonismo nas áreas específi- cas da sua ação, têm uma visão abrangente e uma acutilante perceção da inserção de Portugal nesta escala mais ampla. Sinais de Fogo, pois o perigo de incêndio sempre espreita num contexto onde a voragem do tempo não perdoa, mas também sinais de um fogo interior que nos projeta para um devir que Conferências no Convento da Saudação Sinais regressam Em 2015, os sinais regressam ao Convento da Saudação, desta vez intitulados ‘Sinais de Fogo’, mas com o mesmo objetivo de colocar a sociedade civil a debater e a pensar sobre os principais temas que são matéria de discussão nos dias de hoje. Rui Horta mantem o comando da equipa, mas a coordenação dos debates passa para a jornalista Ana Sousa Dias, atual subdiretora do Diário de Notícias. desconhecemos mas queremos antecipar”.

A primeira sessão destes novos ‘Sinais de Fogo’ teve lugar no passado dia 28 de fevereiro, no Convento da Saudação, no interior do castelo de Montemor-o-novo e contou com as presenças de Maria de Assi, Alexandra Lucas Coelho e Paulo Morais, tendo sido subordinada ao tema: ética e valores. Como é normal nestas sessões os intervenientes e o público foram convidados a tomar o pequeno-almoço, o que permite sempre um salutar convívio entre quem vem falar e quem vem ouvir e questionar. A casa esteve completamente cheia para esta primeira iniciativa o que é sempre importante para quem promove estes eventos.

Rui Horta, curador destas sessões, abriu a conversa salientando que a anterior iniciativa foi “uma experiência fantástica” e frisou que estas conversas vivas são um reflexo da sociedade civil. Ana Sousa Dias, que se estreou como moderadora destes debates, chamou a atenção para o facto de os convidados desta sessão serem pessoas ligadas à terra, “ao dia-a-dia” e que falarão sobre as suas experiências de vida. Maria de Assis foi jornalista e crítica de dança e autora de programas culturais para a rádio e a televisão e de várias edições sobre dança e artes performativas contemporâneas. Alexandra Lucas Coelho tem carteira de jornalista desde janeiro de 1987, tendo exercido a profissão na RDP e no Público e publicado dois romances, ‘E a noite Roda’ que ganhou o Grande Prémio de Romance e novela da APE em 2012 e ‘o Meu Amante de Domingo’, e cinco livros de reportagens. Paulo de Morais é licenciado em Matemática, e possui um MBA em Comércio Internacional e um doutoramento em Engenharia e Gestão Industrial, sendo professor na Universidade Portucalense e investigador no INESC Porto, bem como fundador e vice-presidente da Associação Transparência e Integridade.

Responsabilidade, empatia, solidariedade

Maria de Assis apresentou um pequeno vídeo que representa experiências feitas através da Fundação Calouste Gulbenkian em escolas secundárias, onde os alunos eram desafiados a serem criativos através da escrita. A oradora salientou que o vídeo é representativo dos valores que orientam a nossa ação, tais como a responsabilidade (o domínio do eu), a empatia e a solidariedade (o colocar no lugar do outro) e a colaboração (a capacidade de trabalhar em equipa); e referiu que “esta são valências que se encadeiam uma nas outras, que são transversais à vida em sociedade e também a cada família”. Ainda em relação ao papel das escolas, Maria de Assis referiu que “é necessário encontrar formas de motivar os alunos e de os responsabilizar pelo seu trabalho”.

Liberdade criativa

A escritora e jornalistas Alexandra Lucas Coelho, que já viveu em muitos locais do mundo e passou, em 2014, cerca de seis meses em Montemor-o-novo a escrever o seu último romance intitulado ‘o Meu Amante de Domingo’, começou por referir esta escolha de viver durante algum tempo nesta cidade, face ao contacto que tinha tido com Rui Horta.

Relativamente ao tema da conversa, a jornalista referiu que “a ética é como a busca de um relacionamento de uns com os outros e com a natureza”, pelo que se traduz numa permanente procura pelo valores éticos. Sobre a escrita, Alexandra Lucas Coelho fez questão de chamar a atenção para a necessidade de uma liberdade criativa que possa fomentar a arte e os artistas, de modo a que estes se sintam livres da pressão que muitas vezes hoje existe.

No que concerne à intervenção da sociedade civil nas questões políticas, Alexandra considera que “tudo é político porque tudo o que fazemos tem uma relação com o outro”.

"A corrupção é muita e é visível"

Paulo Morais, que tem tido um papel ativo na denúncia de situações de corrupção, começou por chamar a atenção para as potencialidades que Portugal apresenta, mas que têm um “resultado miserável” devido à falta de estratégia e de um modelo de gestão. “Esta é uma democracia corrupta porque os partidos apresentam o governo como um modelo de negócios”, tendo acrescentado que “a corrupção é muita e é visível” e representa cerca de 35% da dívida pública portuguesa. o orador frisou ainda que Portugal não criou estruturas de combate e sublinhou que “os indicadores internacionais revelam que Portugal está mal nestas matérias”.

Em matéria de desenvolvimento do país, Paulo Morais chamou a atenção para a correlação existente entre corrupção e desenvolvimento, e deixou um alerta às novas gerações para que estas tenham um conjunto de padrões éticos de modo a que as pessoas possam confiar umas nas outras.

A concluir, Rui Horta referiu que estas iniciativas da sociedade civil devem ser celebradas de modo a alargar “a base da pirâmide porque se ela for mais larga haverá mais gente a entrar na brecha da muralha”.

Folha de Montemor, 1 de março de 2015

 

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