"Por diversos motivos, incluindo recursos humanos insuficientes, aumento da procura por cuidados de saúde, restrições financeiras, decisão clínica, entre outros, os cuidados de enfermagem são por vezes racionados", explica o investigador do Centro de Engenharia e Gestão Industrial (CEGI) do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), Mário Amorim Lopes.

O racionamento faz com que um enfermeiro que supervisionava dez a 15 camas de internamento passe a controlar 20 ou 30, não conseguindo manter o nível de qualidade, o que, no limite, "pode colocar a vida dos pacientes em risco, para além de conduzir ao burnout do profissional, o que pode ter repercussões na sua própria saúde", alerta o investigador.

Além de o analisar, os investigadores do projeto pretendem encontrar uma base metodológica para abordar o problema do racionamento, que tem implicações na prática clínica, mas também suscita considerações éticas e filosóficas, económicas e até sociais. Mário Amorim Lopes não tem dúvidas que, não obstante o prejuízo pessoal, o racionamento afeta igualmente a produtividade do país, o consumo e o crescimento económico e afirma: "os gastos em saúde não são uma despesa, mas um investimento. Uma população doente tem um elevado custo económico, que excede em larga medida os custos de tratamento".

O projeto envolve 80 investigadores de 31 países, associações representantes dos enfermeiros e a Organização Mundial de Saúde e é financiado pela agência europeia Cost - European Cooperation in Science and Technology.

Jornal Enfermeiro, 13 de dezembro de 2016