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Pedro Guedes: “A OJM que ser a porta de entrada dos músicos dos EUA na Europa” (Público)

Director da Orquestra de Jazz Matosinhos vê na relação com Barcelona um passo indispensável para a afirmação ibérica.

A comemorar os 20 anos de actividade, a OJM quer continuar a “residir” no festival da Catalunha, e na sua nova sede na Casa da Arquitectura quer criar um Centro de Alto Rendimento Artístico.

A OJM participa pela quarta vez no Festival de Barcelona. Essa relação vai continuar?

Fizemos quatro anos seguidos, agora estamos a repensar, mas há a intenção de continuarmos no festival. Não há na Península Ibérica nenhuma orquestra semelhante à nossa. E Barcelona continua a ser importante para afirmar a dimensão ibérica da orquestra. Estes concertos que fazemos para a Casa da Música com artistas como a Rebecca Martin — e no próximo ano com Peter Evans — deviam passar por um circuito mínimo, com Porto e Barcelona, mas também com Madrid e Lisboa. Assim se justificaria o investimento neste trabalho.

O trabalho com Rebecca Martin vem na sequência de parcerias com outros músicos e compositores norteamericanos. Qual é o critério destas escolhas?

A OJM quer ser — e é-o fisicamente — a porta de entrada dos músicos dos EUA na Europa. Por outro lado, fruto do meu passado neste país, onde estudei e criei relações, pareceu-me evidente trabalhar com esses músicos. Nós tentamos trabalhar sempre com projectos que sejam novos desafios musicais. Às vezes as nossas escolhas não são as óbvias. Por exemplo, a Rebecca Martin...

Com ela, a OJM foi levada a trilhar um caminho diferente.

Exactamente. Porque nós tentamos colocar desafios musicais que nos dêem uma maior flexibilidade, que musicalmente nos abram outras portas e nos permitam crescer. A Rebecca Martin não é o tipo de cantora de jazz no sentido tradicional do termo. Não é aquilo a que chamamos a front duma big band. É uma cantora diferente; é uma compositora e tem um universo musical muito próprio. O grande desafio foi manter o universo musical dela, que é íntimo, muito simples, e que pode funcionar só com guitarra e voz. Ora, ampliar isto para uma orquestra é um desafio musical muito complicado. Como encaixar e ao mesmo tempo servir este tipo de música? Isso reflectiu-se em termos de volume sonoro: a orquestra teve de tocar mais baixo do que normalmente. Os arranjos conseguiram enquadrar bem as suas canções.

O que é que a nova sede na Casa da Arquitectura irá mudar na vida da OJM?

Da mesma forma que estamos sempre a colocarmo-nos desafios musicais, enquanto instituição temos agora um grande desafio pela frente. A orquestra está a alargar o âmbito da sua acção: não ser apenas um grupo de pessoas que se junta para tocar, mas uma instituição cultural de âmbito alargado.

Já anunciaram a criação do “CARA”.

Sim. É aquilo a que chamamos o Centro de Alto Rendimento Artístico — o CARA. Queremos investigar o fenómeno da improvisação e também como é que as novas tecnologias podem ajudar no desenvolvimento da arte. Sei que a ciência, os computadores, a tecnologia, vão fazer parte da arte no futuro. Por isso, já fizemos um protocolo com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e com o INESC-TEC [Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência] para começarmos a colaborar. Queremos que o CARA seja um espaço de liberdade, de criatividade, em que estas cabeças artísticas e as mais científicas se encontrem e criem projectos.

Público, 4 de dezembro de 2017

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