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Investigadores do Porto usam Inteligência Artificial para analisar atletas no Euro feminino (Sapo 24)

Investigadores do Porto estão a utilizar Inteligência Artificial para analisar o comportamento das atletas durante a 12.º edição do Campeonato Europeu de Futebol Feminino da UEFA, a decorrer na Holanda, para ajudar a melhorar o desempenho das equipas.

O objetivo é analisar o comportamento das atletas e a sua relação com eventos do jogo, como remates, faltas e golos, identificando padrões que os técnicos possam utilizar para promover a ‘performance' do grupo, disse à Lusa o investigador Carlos Soares, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), uma das entidades envolvidas no projeto.

"A informação obtida será útil para identificar as diferenças entre os vencedores e as restantes equipas", indicou o também investigador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), outra das instituições responsáveis por este estudo, que é liderado pela Universidade de Leiden, da Holanda.

De acordo com Carlos Soares, os dados analisados estão a ser recolhidos pelas câmaras instaladas nos campos de futebol onde decorrem os jogos, sendo depois organizados e processados pelos investigadores, com recurso a tecnologias de ‘business intelligence', que fornecem indicadores de desempenho individual e coletivo.

Para além disso, estão a utilizar algoritmos de aprendizagem automática (‘machine learning'), de forma a calcular a probabilidade de ocorrência de um evento, como um remate ou golo, minutos antes de este acontecer.

 

Adicionalmente, recorrem a técnicas de extração de conhecimento de dados (‘data mining') para analisar as trajetórias das atletas, tanto individualmente como coletivamente, e identificar padrões que relacionem o seu comportamento com eventos ocorridos durante o jogo e com o resultado final.

Segundo o investigador do INESC TEC Cláudio Sá, o ser humano não tem a capacidade de olhar para todo o campo e fazer uma análise de tudo que se está a passar, ao mesmo tempo.

A tecnologia, no entanto, "não tem essa limitação", visto que consegue analisar, em tempo real, a posição e o comportamento de vários jogadores em simultâneo, bem como identificar padrões e medir até que ponto estes são confiáveis ou não, acrescentou.

Os protótipos desenvolvidos para análise dos dados estão a ser testados durante o campeonato europeu em curso, que iniciou a 16 de julho e finaliza a 06 de agosto.

No final, os resultados serão entregues à Federação Holandesa de Futebol, para serem utilizados pelos técnicos, com o objetivo de analisar e melhorar o desempenho da sua equipa.

Carlos Soares afirmou, no entanto, que a equipa da FEUP e do INESC TEC poderá aplicar as competências desenvolvidas neste projeto a outras competições, como, por exemplo, ao serviço das seleções nacionais de futebol e a outros desportos.

Pretendem ainda que alguns dos resultados obtidos possam ser divulgados através de páginas públicas na Internet, como é o caso da página da UEFA, como um termómetro que, nos jogos transmitidos em direto, indique a probabilidade de, em cada jogada, ocorrer um determinado evento.

Sapo 24, 25 de julho de 2017

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