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SafeCloud quer impedir quebras de privacidade na nuvem (Porto 24)
O projeto europeu SafeCloud, liderado pelo INESC TEC, tem ao seu dispor 3 milhões de euros para assegurar a privacidade e segurança dos serviços de armazenamento em nuvem.
Os sistemas de computação em nuvem são conhecidos do grande público através de serviços como o Google Drive ou o Dropbox: na prática, em vez de armazenar ficheiros, desde documentos a fotografias, num computador, que tem uma unidade de armazenamento física, podemos escolher colocá-las na ‘nuvem’, ou seja, na Internet. Há dezenas de fornecedores deste tipo de serviços de armazenamento, e todos prometem privacidade e segurança. Contudo, como foi evidente em 2014 durante o escândalo das fotografias de celebridades como Jennifer Lawrence disponibilizadas indevidamente ao público, depois destas estarem armazenadas no iCloud, um destes serviços.
Ora, é precisamente contra este tipo de brechas que o SafeCloud (inglês para nuvem segura) quer agir. Rui Oliveira, administrador do INESC TEC e responsável pelo projeto, explica ao P24 que o que o projeto quer fazer é “garantir que ninguém vai ter acesso aos ficheiros que qualquer pessoa coloca na nuvem”, um problema que é “muito maior quando falamos de empresas”. “O objetivo é criar uma solução para o cidadão e para as empresas que seja simples e que não impeça ninguém de continuar a usar os serviços que já usa”, afirma.
Hackers e não só
O trabalho do SafeCloud visa não só os potenciais ataques de hackers mas também a utilização indevida dos fornecedores de serviço de armazenamento, que podem procurar vender os dados de utilização. Além da proteção dos dados, o projeto quer também instaurar uma espécie de mecanismo anticensura que visa impedir que os ficheiros sejam alterados enquanto estão armazenados na cloud. “Por exemplo, se alguém abrir um contacto e mudar um valor envolvido”, demonstra o investigador. Assim, o projeto procura tornar “publicamente evidente” que um ficheiro foi alterado, para que os utilizadores e os fornecedores de serviço possam saber o que foi mudado.
No projeto, que é liderado pelo INESC e que conta com parceiros portugueses, suíços, alemães e estónios, estão envolvidas cerca de 40 pessoas, num trabalho que durará até ao final de agosto de 2018 e tem um investimento da parte da Comissão Europeia de 3 milhões de euros.
App pronta a sair
Rui Oliveira adianta ainda que até ao final de 2015 será lançada uma aplicação para smartphones e tablets do SafeCloud direcionada a fotografias. “Esta aplicação assegura matematicamente a segurança dos ficheiros”, diz.
Para o público em geral e direcionado a outro tipo de ficheiros, o projeto, refere o administrador do INESC TEC, está a estudar “uma espécie de substituto do Dropbox ou do Google Drive, por exemplo, que ofereça garantias de seguranças mas sem que o utilizador sinta a mudança”.