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Terapia. Psicólogos vão tratar doentes por telemóvel (Diário de Notícias)

A utilização de aplicações móveis na saúde é um dos temas em destaque no Congresso da Ordem dos Psicólogos Portugueses. O evento conta com mais de 1700 participantes.

Vigiar o humor de um doente com depressão, a qualidade do seu sono e a ansiedade vai poder ser feito à distância em Portugal, para tal basta os profissionais de saúde terem um smartphone e fazerem parte do projeto Eu cuido da depressão.

Podem até trocar mensagens com o paciente, que, numa plataforma online, tem à disposição exercícios para combater a depressão. Isto como um complemento ao que é feito nas consultas. Este projeto, que será posto em prática em breve em centros de saúde da zona do Porto, vai ser apresentado no 3.º Congresso da Ordem dos Psicólogos Portugueses, que decorre entre hoje e sábado, na Alfândega do Porto.

Com o apoio da "terapia online", o número de sessões presenciais poderá passar dos atuais 16 a 20 para dez. "A expectativa é que não haja uma diferença do ponto de vista clínico e que haja uma redução de custos", explicou ao DN João Salgado, docente do Instituto Superior da Maia (ISMAI), responsável pelo projeto de aplicação da tecnologia no tratamento em psicoterapia da depressão. Não pode ser vista como "um substituto da relação humana", mas como uma forma "de intensificar a comunicação entre o profissional e o doente".

Ou seja, quando há um diagnóstico de depressão e o médico considerar útil para o tratamento é dada uma password ao doente que lhe permitirá ter acesso ao acompanhamento online.

O sistema, desenvolvido pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), já está a ser testado em países como a França, a Holanda e a Alemanha e surge após a um outro projeto-piloto - o Stop Depression - que também usa a tecnologia para avaliar a depressão e o risco de suicídio. "Já existem algumas apps no mercado. Há núcleos que já as começam a usar, mas ainda são muito isolados", refere João Salgado. No início do ano, foi lançada pela EUTIMIA - representante em Portugal da Aliança Europeia contra a Depressão em Portugal a iFDepressão, uma app para utentes do Serviço Nacional de Saúde com depressão ligeira a moderada. Contudo, ao que o DN soube, não tem existido grande recetividade por parte dos profissionais de saúde.

"Eu cuido da depressão" vai funcionar com uma app e uma plataforma online, onde o paciente com depressão pode, por exemplo, identificar os problemas da sua vida que têm solução e aqueles que não têm. Se o escritório desarrumado o deixa ansioso, será orientado para o arrumar. Se o problema for a morte de alguém, recebe ajuda para aceitar a perda.

Faltam psicólogos no SNS

Nos cuidados de saúde primários, salienta o psicólogo João Salgado, "a capacidade de ter consultas regulares é muito reduzida", o que pode condicionar a eficácia do uso destas ferramentas tecnológicas, que carecem de acompanhamento presencial. Essa falta de psicólogos é, uma vez mais, denunciada pelo bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP). "Apesar de haver uma presença significativa de psicólogos em Portugal, faltam muitos psicólogos em diversas áreas, nomeadamente na saúde, na educação e nas organizações", alertou Telmo Mourinho Baptista, na véspera da abertura do Congresso. Nas escolas, o número de psicólogos por alunos é de 1/1700 alunos, quando o rácio recomendado é de 1/1000. Quer isto dizer que "faltam 500 psicólogos devidamente distribuídos". No SNS, existiam, em 2015, 553 psicólogos, que serviam quase 10 milhões de pessoas. Mas o paradigma parece estar a mudar. "Estamos a caminhar para a admissão de mais profissionais nessa área", adianta o bastonário. Já o Ministério da Educação comprometeu-se a disponibilizar 30 milhões de euros para a contratação de mais profissionais e melhoria das condições dos que já estão nas escolas.

Com mais de 1700 inscritos, o Congresso da Ordem dos Psicólogos Portugueses procura, segundo o bastonário, "ter uma cobertura muito ampla", demonstrando a "força da psicologia na intervenção" nas diferentes áreas, da clínica às organizações. Ao longo dos quatro dias serão feitas cerca de 800 apresentações.

Diário de Notícias, 28 de setembro de 2016

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