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Pokémon Go: A que se deve tamanha loucura? (Jornal de Notícias)

A febre do Pokémon Go não deixa ninguém indiferente e contagiou Portugal. A aplicação para telemóveis desafia os jogadores a saltarem dos sofás para a rua para encontrar estes bonecos animados.

Para os mais novos, é o regresso da saga que marcou o início do século no pequeno ecrã e nas consolas. Ainda longe dos telemóveis, que, na altura, não tinham Internet, nem eram sensíveis ao toque. Para os mais velhos, é a confirmação do entusiasmo causado pelo móvel. Nas ruas, novos e mais velhos andam de telemóvel em riste, à procura destes pequenos seres, das Pokestops e dos ginásios para os treinar.

Nélson Zagalo, da Universidade do Minho, explica ao JN que o sucesso do jogo assenta "no valor nostálgico" da série japonesa para crianças Pokémon, que passou na SIC nos anos 2000. A altura do ano também é um elemento importante: "Temos um verão sem aulas, com adolescentes plenos de tempo livre para o explorar", disse o investigador. Para Leonel Morgado, professor na Universidade Aberta, parte da popularidade deve-se aos "vinte anos com que o público cresceu a acompanhar a saga, o que abarca duas ou três gerações de consumidores", que vão dos 20 aos 40 anos.

A aplicação dá aos utilizadores a possibilidade de explorar a Realidade Aumentada (RA), cruzando o ambiente real com os pequenos animais que integram o jogo. Apontando o telemóvel para um dos bonecos podemos ver uma paisagem real. São vários os exemplos que circulam nas redes sociais, de Pokémons que foram apanhados nos locais de trabalho, em museus, ou até na casa de banho. Leonel Morgardo explica que este elemento "permite não ser apenas um caçador de Pokémon, mas agir como tal". "Podemos fazer no nosso mundo físico o que se imaginava fazer nas consolas", adianta o também investigador do INESC TEC.

Uma posição partilhado por Zagalo, que destaca o fator da novidade. "As pessoas podem experimentar, pela primeira vez, de forma massiva, esta tecnologia", refere o professor. "Temos uma rentabilização de vários modelos de comunicação e tecnologias que tiveram a sorte de funcionar muito bem e tornar-se virais", acrescenta. Há, ainda, o valor da familiaridade, já que com a utilização do GPS, juntamente com a RA, "os jogadores podem explorar os lugares que conhecem e com que se sentem próximos".

Como acontece sempre que uma nova tecnologia fica disponível, as vantagens e desvantagens dividem opiniões. Ao JN, os dois especialistas em videojogos concordam que são mais as vantagens do que os efeitos nocivos. Leonel Morgado destaca a forma como a aplicação "tira o jogador do sedentarismo", juntando as "interações virtuais à totalidade dos sentidos". Para apanhar os Pokémons os jogadores devem sair de casa e, em alguns casos, percorrer vários quilómetros. O mesmo acontece sempre que um utilizador do jogo quer "chocar" um ovo. Para completar essa tarefa deve percorrer cinco quilómetros.

Zagalo explica que os riscos resumem-se à possível falta de atenção por parte de quem joga, como, aliás, "acontece quando se escreve uma SMS em movimento". Um outro problema relacionado com a utilização do jogo é o risco da bateria acabar rapidamente, pela utilização da câmara fotográfica, da Internet móvel e do GPS em simultâneo. Face ao crescente número de utilizadores desta aplicação em Portugal, a PSP publicou, na sua página oficial no Facebook, um manual de boas práticas para os "gamers" jogarem em segurança. Entre os vários conselhos, a polícia avisa para não conduzir ao mesmo tempo a que se joga, não invadir propriedades privadas e para se jogar em grupo.

Jornal de Notícias, 24 de julho de 2016

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