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Investigadores portugueses adaptam braille a ecrãs táteis e criam bengalas tecnológicas para cegos (Visão)

Investigadores universitários estão a desenvolver projetos para adaptar o braille aos ecrãs táteis e facilitar a orientação dos cegos com bengalas tecnológicas. O desejo é promover a acessibilidade e autonomia das pessoas com dificuldades visuais extremas, que em Portugal são cerca de 130 mil.

Tiago Guerreiro, professor do departamento de informática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e Hugo Nicolau, docente no Instituto Superior Técnico, estão a desenvolver um corretor ortográfico e uma capa para telemóvel com vibração para tornar mais fácil o acesso das pessoas cegas às novas tecnologias, como os ecrãs táteis.

O B# é um corretor ortográfico que funciona com a matriz do braille, mas escrito no telemóvel. "Pode ainda ser utilizado para encontrar acordes (combinações de dedos) que sejam parecidos [com o que foi escrito], e assim descobrir a palavra que o utilizador desejava inserir", explica o investigador. Já o HoliBraille, uma capa que se encaixa nas traseiras do telemóvel e que se conecta por bluetooth, apresenta três "atuadores" que vibram à medida que os dedos escrevem o braille, dando indicação ao utilizador que as palavras estão a ser reconhecidas.

A equipa de docentes desenvolveu também uma adaptação dos chamados relógios inteligentes (smartwatches), por acreditar que têm utilidade na vida das pessoas cegas. O segredo é adaptar o braille ao método de introdução de escrita. A Braille Chapes, ainda em protótipo, permite desenhar um caractere braille com um só gesto, no ecrã do relógio, sem que o relógio tenha de ser um topo de gama. "O Braille, como sistema de acordes, permite uma entrada de texto rapidíssima quando comparado com a exploração de um teclado com 23 letras”, revela Tiago.

Bengala eletrónica

Uma plataforma digital móvel aplicada às bengalas é a proposta de João Barroso e Hugo Paredes, investigadores no INESC TEC. O projeto CE4Blind consiste numa bengala eletrónica que lê e partilha informação com base num conjunto de etiquetas colocadas no pavimento, através de um smartphone. A informação das etiquetas — sobre a existência de obstáculos no passeio, escadas para o metro ou pontos de interesse — é depois transmitida ao cego através de uma vibração no “joystick” da bengala ou por áudio.

Para o projeto funcionar, os municípios têm de colocar as etiquetas no chão. A boa notícia é que a Câmara Municipal do Porto, através da Provedoria do Cidadão com Deficiência, mostrou interesse em implementar um protótipo, muito brevemente, “numa zona com 200 ou 300 metros próxima de uma entrada do metro”.

Hugo Paredes reforçou que “o número de pessoas que necessitam de tecnologias de apoio tende a aumentar”, graças ao aumento da esperança média de vida e aos problemas de saúde a ele associados. “Ao desenvolvermos tecnologia para os nossos idosos também estamos a desenvolver para os cegos, aumentando o público-alvo e, consequentemente, o interessa da indústria".

Visão, 17 de fevereiro de 2016

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