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VeÃculos elétricos: a nova revolução do setor elétrico (Artigo opinião João Peças Lopes)
Os sistemas de elétricos de energia enfrentam atualmente um novo e importante desafio, que se assume também como uma grande oportunidade, e que consiste na integração em larga escala de veÃculos elétricos a ligar à rede elétrica.
Esses veÃculos dispõem de baterias de elevada capacidade de armazenamento, podendo ser carregadas de forma lenta ou rápida. O veÃculo elétrico será assim uma carga elétrica móvel e também um dispositivo de armazenamento de eletricidade. Quando estacionados e ligados à rede elétrica, os veÃculos elétricos vão absorver energia elétrica e armazená-la, podendo depois fornecer parte dessa eletricidade à rede. Esta última caracterÃstica é conhecida por conceito V2G (veÃculo para a rede, do inglês vehicle-to-grid), permitindo a disponibilização de vários serviços de sistema, tais como reserva e injeção de potência para apoio à operação sistema, descongestionando ramos e apoiando o equilÃbrio entre procura e oferta.
A massificação da mobilidade elétrica terá impactos significativos no planeamento e operação dos sistemas elétricos de energia, por constituir uma carga adicional que terá simultaneidades elevadas em perÃodos do dia que coincidem com a chegada a casa dos condutores destes veÃculos. Ocorre que esses perÃodos coincidem em geral com o momento em que ocorre o pico do consumo do diagrama de cargas tradicional – o inÃcio da noite. No entanto, o veÃculo elétrico apresenta uma caracterÃstica de flexibilidade de carregamento da sua bateria que pode e deve ser utilizada para evitar sobrecargas nas redes e no sistema electroprodutor. Com efeito, quando se dispõe de um perÃodo de várias horas para carregar as baterias dos veÃculos elétricos, normalmente durante a noite, é possÃvel modular esse carregamento da bateria, transferindo essa carga para os perÃodos de vazio do diagrama de cargas. A esse tipo de carregamento chama-se de carregamento inteligente ou de smart charging na literatura anglo saxónica. De salientar que esta filosofia de smart charging deve também ser explorada para carregar as baterias quando ocorrer uma maior disponibilidade por parte dos recursos energéticos primários renováveis, contribuindo assim claramente para a descarbonização da mobilidade.
Daqui resulta que, de uma forma genérica, o sistema elétrico conseguirá acomodar sem necessidade de grandes reforços e investimentos (nomeadamente em infraestruturas de rede e de geração) a futura massificação da mobilidade elétrica, desde que sejam implementadas estratégias inteligentes de controlo de carregamento, a coordenar com os operadores da rede elétrica e com a disponibilidade das fontes de energia renovável.