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"O melhor doutoramento do mundo" é de um português (Diário de Notícias)

Distinção. A tese de doutoramento de Sérgio Costa foi considerada a melhor na área de empreendedorismo a nível mundial. Foi concluída em novembro de 2014, no Reino Unido.

Foi com surpresa que Sérgio Costa, investigador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), recebeu a nomeação para aquele que é considerado “o prémio mundial mais importante na área de empreendedorismo” Candidatam-se ao Heizer Best Dissertation Award da Entrepreneurship Division da Academy of Management os finalistas dos programas doutorais de universidades de todo o mundo. Por isso, saber que estava entre os três finalistas deixou-o muito satisfeito. Há um mês, quando recebeu por e-mail a notícia de que era o vencedor, ficou ‘estático a olhar para o computador, a tentar absorver a informação”. É o primeiro português a ser distinguido com o galardão, que recebeu em Vancouver, no Canadá, na passada segunda-feira.

“Há uma sensação de reconhecimento por quem está na área há muitos anos e que muito tem contribuído para a investigação em empreendedorismo, isso deixa-me feliz e realizado disse ao DN o investigador, professor auxiliar convidado na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e investigador visitante na Universidade de Gent (Bélgica). Sérgio Costa concluiu a tese desenvolvida na Universidade de Strathcly de (Reino Unido) em novembro de 2014. Abordou a evolução dos modelos de negócio em spin-offs de universidades, tendo acompanhado empresas de oito universidades, nas quais realizou 98 entrevistas ao longo de 12 meses.

Numa conversa telefónica a partir de Paris, o investigador explica que os critérios do júri passam pelas implicações práticas do estudo e, numa fase posterior, pela robustez da metodologia, a originalidade do tópico, entre outros. Quando questionado sobre a originalidade da sua tese, considera que assentará, essencialmente, em três pontos. “A metodologia usada foi longitudinal, ou seja, houve recolha de dados em vários momentos. Isto permite perceber o que vai na cabeça dos empreendedores ao longo do tempo, o que é diferente de lhes perguntara posteriori o que pensaram no passado”, esclarece. Sérgio Costa focou-se em empresas numa fase inicial e, por fim, não seguiu o modelo de negócio como um todo, mas cada um dos seus elementos.

Entre as principais conclusões, refere a existência de “dois níveis de modelos de negócio, um ao nível das intenções e outro da realidade” sendo diferentes e ambos mudando. Por outro lado, “as empresas com maior performance interagiam mais cedo e mais intensamente com potenciais stakeholders [clientes, por exemplo]”, o que permite estabilizar mais o modelo de negócio numa fase inicial.

A tese de Sérgio Costa sugere também que “as empresas com pior performance tendem a lamentar-se mais da falta de recursos humanos, enquanto as empresas com performance mais elevada, como percecionam menos a falta de recursos, mudam menos os modelos de negócio”. E estabelecem parceiras com um leque mais alargado de atores, públicos e privados.

O primeiro português a ser reconhecido com o prémio de melhor tese de doutoramento na área do empreendedorismo quer dar continuidade ao estudo. As proposições induzidas têm de ser testadas num conjunto mais alargado de empresas de diferentes universidades e geografias. Por isso, o INESC TEC está a desenvolver uma base de dados de todas as spin-offs universitárias portuguesas, um trabalho que está a ser articulado com as bases de dados existentes em Itália, Noruega e Reino Unido.

 

DICAS

DINAMIZAR

Interagir o mais possível com stakeholders, nomeadamente com potenciais clientes que possam ter interesse no negócio, é uma forma de e empresa conseguir obter uma melhor performance.

 

ANTECIPAR

Para ser um bom empreendedor, a interação com os stakeholders deve ser feita o mais cedo que conseguir, mesmo antes de a própria empresa ser constituída, e da forma mais intensa possível.

 

SOLUCIONAR

Tentar não ter uma atitude de estar sempre a percecionar que existe falta de recursos, mas tentar ultrapassar essa carência. Trocar a narrativa de queixas por uma procura ativa de soluções.

 

ALARGAR

Perante a falta de recursos humanos, tentar fazer o máximo de parcerias (públicas e privadas) para chegar a um leque alargado de atores. E a forma de se aceder a mais recursos.

 

FOCAR

Na fase de arranque, o foco deve ser nas aplicações tecnológicas que parecem ter mais sucesso, sem esquecer as outras. É preciso saber mostrar que existem mais aplicações para determinada tecnologia.

 

Diário de Notícias, 14 de agosto de 2015

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