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Incêndios florestais. Mais meios não garantem melhor combate (Expresso)

Estudo realizado por investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto concluiu que é necessário introduzir “melhorias operacionais e de organização para minimizar a duração dos incêndios”

A quantidade de meios "influencia pouco" o resultado do combate a grandes incêndios florestais em Portugal, concluiu um estudo revelado esta sexta-feira pela Universidade de Vila Real e que foi coordenado pelo investigador Paulo Fernandes.

Investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto analisaram os efeitos que a quantidade de meios humanos e materiais tem na propagação de grandes incêndios, acima de 2500 hectares, ocorridos em Portugal entre 2003 e 2013.

"Concluímos que a quantidade de meios tem influência na diminuição da rapidez da expansão do incêndio, mas não reduz o seu tempo de duração" afirmou Paulo Fernandes, especialista do Centro Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB).

O estudo, realizado no âmbito do projeto "Fire Engine" (Programa MIT Portugal), envolveu ainda investigadores Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores - Tecnologia e Ciência (INESC TEC).

No âmbito deste trabalho, foram analisados dados oficiais de incêndios ocorridos em Portugal Continental, num período de 10 anos, incluindo dados sobre a vegetação e meteorologia, tendo em conta indicadores como a duração, dimensão e velocidade de expansão do incêndio.

O investigador referiu que este é o primeiro estudo do género realizado na Europa e mostra que, para "limitar a área ardida e os prejuízos associados aos grandes incêndios", é necessário introduzir "melhorias operacionais e de organização para minimizar a duração dos incêndios".

Segundo explicou, em comunicado, a "área ardida é determinada em dois terços por fatores naturais, determinantes no comportamento do fogo, e cuja variação oferece oportunidades de controlo dos incêndios".

"A estratégia de combate a incêndios descura as oportunidades de controlo associadas a mudanças na meteorologia, topografia e vegetação e não dá suficiente atenção às operações de rescaldo, o que prolonga a duração dos grandes incêndios", frisou o coordenador.

E, para Paulo Fernandes, "não sendo aproveitadas as oportunidades de controlo, o impacto das operações de combate é baixo, quer no resultado dos esforços quer no retorno do investimento, independentemente dos meios empregues".

Em causa está, segundo acrescentou, "o impacto do investimento do Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios".

Por isso mesmo, os autores do estudo concluíram que "uma mais efetiva identificação e aproveitamento das oportunidades de controlo do fogo é preferível ao despacho massivo de meios de combate para o teatro de operações".

Os investigadores defenderam ainda que o investimento "deve ser direcionado para o conhecimento e formação dos agentes, não apenas para a expansão da força de combate".

Este trabalho foi recentemente publicado no prestigiado "European Journal of Forest Research".

Expresso, 13 de maio de 2016

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