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PME discutem ‘Caminhos da competitividade’ a pensar nos negócios (Diário Económico)

O financiamento continua a ser um dos principais problemas das empresas.

Os 40 anos do IAPMEI ficam marcados pela inovação, que começou com uma pequena participação no desenvolvimento da economia e que resultou na criação de uma complexidade de mecanismos, instrumentos e parcerias que são hoje fundamentais à economia. Miguel Cruz, o seu actual presidente, salientou o contributo do instituto para o desenvolvimento da economia – mas não se deteve em encómios à organização que dirige: ao contrário, preferiu apresentar desde logo o desafio com que o IAPMEI entendeu marcar os seus 40 anos.

Esse desafio consubstanciou-se na discussão em torno dos ‘Caminhos da competitividade – o que precisam as empresas nacionais para alicerçar o seu futuro?’ Um tema abrangente que o IAPMEI sub-dividiu em três grandes temas-chave: ‘Redes colaborativas de crescimento’; ‘Capacitação, conhecimento e inovação aberta’; e ‘Crescimento e novas soluções de financiamento’. Para todos eles, o IAPMEI chamou um conjunto de empresas das mais destacadas do tecido empresarial para darem o seu contributo.

Coube a António Lucas Soares, investigador do INESC TEC e docente da FEUP, abordar o primeiro tema e expor as conclusões do primeiro painel. Participar e colaborar em rede de empresas – ou outras, nomeadamente universidades, institutos, etc. – foi assumido por todos como fundamental, não só para defender o racional de negócio de qualquer organização, como também para ganhar dimensão e robustez que, de outra forma, seria de acesso muito difícil. Mas, salientou Lucas Soares, “a confiança e a clareza do papel a desempenhar por cada membro das redes” é uma obrigação ‘sine quanon’ e também um motivo necessário (mesmo que não suficiente) para o sucesso.

O docente explicou que existem redes das mais diversas ordens – os ‘clusters’, aliás, fazem parte da lista – e que é importante para cada empresa perceber em que rede, ou tipo de rede, deve posicionar-se. Mas “as dificuldades subsistem, porque é uma área complexa”. Necessidade de liderança, desconhecimento de parceiros, falta de informação e de formação na gestão de redes – “a formação de bases das universidades não é suficiente” – a propriedade intelectual e a inadequação e falta de flexibilidade dos sistemas de incentivos foram os principais problemas detectados.

Virgílio Cruz Machado, da Nova de Lisboa, apresentou o segundo tema, tendo recordado que o tecido empresarial investiu cerca de 5,5 mil milhões de euros ao longo do QREN – o anterior quadro comunitário – mas que apenas 12% foram encaminhados para a investigação e desenvolvimento tecnológico.

Para acrescentar valor a esta área, é preciso desburocratizar, agilizar e fazer desaparecer gorduras ao sistema de incentivos – nomeadamente no que tem a ver com o acesso das empresas ao Portugal 2020. Incentivar a associação e colaboração entre empresas foi outra das matérias onde o painel considerou ser possível melhorar.

Quanto ao último tema, sempre o mais sensível, Bernardo Afonso, da PME Investimentos, afirmou que há problemas de financiamento transversais e outros específicos. O apoio à internacionalização, o financiamento de situações intermédias ou logísticas das empresas – como por exemplo a tesouraria ou o fundo de maneio – os seguros de crédito e a dificuldade geral de acesso ao crédito bancário foram os principais temas isolados.

Mas há um trabalho a fazer do lado das empresas: a aceitação de capital de risco, a gestão profissional, as contas devidamente apresentadas e a diversificação de fontes de financiamento, são algumas das ferramentas que devem fazer parte de uma espécie de trabalho prévio ao financiamento, que ninguém pode fazer por elas. Só depois disso vale a pena avançar para a discussão, que Bernardo Afonso lançou: como disseminar o financiamento até este chegar a todas as empresas que dele precisam? A resposta é tudo menos fácil.

Diário Económico, 11 de dezembro de 2015

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