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Experimentar roupa sem a vestir (Marketeer)

A Loja do Futuro é o nome do projeto do Citeve, que apresenta um novo conceito de ponto de venda: uma cabina de prova inteligente, que projeta as peças de vestuário num espelho mágico, dispensando, assim, o ato de experimentar roupa.

Espelho meu, espelho meu, há alguém que fique melhor com estas roupas do que eu? Esta pergunta não remete para o conto clássico da Branca de Neve e os Sete Anões, mas sim para o espelho “mágico” criado pelo Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal (Citeve). Trata-se de um dispositivo virtual que projeta peças de  vestuário no ecrã, dispensando a necessidade de experimentar roupa nas lojas. Um assistente virtual acompanha o cliente no processo de seleção de artigos, contribuindo para uma experiência de loja mais personalizada.

O dispositivo é parte integrante do projeto A Loja do Futuro, que se encontra a funcionar nas instalações do Citeve, em Vila Nova de Famalicão, servindo como um espaço demonstrador de um novo conceito de ponto de venda. E que resulta de um investimento de 880 mil euros com um financiamento, em termos médios, de 65% pelo projeto PT21 (projeto mobilizador do QREN) - o investimento foi realizado por entidades do sistema científico e por empresas privadas.

O maior destaque vai para a cabina de prova inteligente, um espaço que oferece uma experiência interactiva assente nas tecnologias de visão por computador, computação gráfica e interação homem-máquina. O “espelho mágico” permite aceder ao catálogo de produtos e efetuar uma prova virtual de vestuário. Para interagir com o dispositivo, basta recorrer ao movimento dos braços. «Através de um sensor de captura de movimentos e a uma câmara de vídeo de alta definição que, em conjunto com um ecrã posicionado na vertical, permitem posicionar peças de roupa virtuais sobre a pessoa em tempo real, ajustadas à sua estatura e acompanhando todos os seus movimentos», afirma Hélder Rosendo, subdiretor-geral do Citeve.

O projeto, que teve início em janeiro de 2011 e terminou em dezembro de 2014, será agora levado a investidores. A empresa tem--se focado nos responsáveis das cadeias de distribuição ou responsáveis de empresas com gestão de ponto de venda. Lanidor, Zippy ou Modalfa são alguns dos players que já demonstraram interesse. Foram ainda feitas sessões exclusivas de demonstração do espaço a outras marcas, como a Sacoor, a Sportzone ou a Crialme. «Na grande maioria dos casos, estas empresas procuram compreender como podem adoptar as tecnologias em demonstração na loja e como estas podem traduzir-se num aumento das vendas ou na animação do espaço, através de momentos que cruzam uma component lúdica com uma componente informativa", vinca Hélder Rosendo.

Idêntico interesse já veio de Espanha, tendo já sido desenvolvidos esforços com um grupo de agentes téxteis da Galiza. numa iniciativa do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Galiza-Norte de Portugal. «Recentemente foi manifestado o interesse em identificar uma linha de financiamento que possibilitasse replicar a loja que atualmente temos no Citeve nas instalações do complexo Texvigo (na Galiza). O objetivo passa por possibilitar um contacto mais direto das várias tecnologias desenvolvidas, por parte das empresas localizadas naquela região, aproveitando simultaneamente para desenvolver as componentes que mais interesse possam despertar àquele público alvo específico. Neste momento aguardamos que estejam disponíveis os sistemas de apoio ao desenvolvimento de projetos de cooperação transfronteiriços, refere Hélder Rosendo.

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Parcerias para o crescimento

Até à data, foram estabelecidas parcerias com a Tetribérica (empresa de design e produção de moda), Creative Systems (empresa que desenvolve soluções tecnológicas), Instituto de Engenharia dc Sistemas e Computadores (INESC TEC), Centro de Computação Gráfica (CCG) e com a Ubisign (empresa de base tecnológica com soluções de Attraction & Empowerment of The Client). «Neste momento estudamos a viabilidade de estabelecer duas novas parcerias. Uma com uma empresa local de Vila Nova de Famalicão, na área das mesas interativas, e outra com um fornecedor de tecnologia multimédia de forma a complementar as soluções que temos instaladas. Em ambos os casos o objetivo é apresentar uma maior diversidade de soluções tecnológicas que temos em demonstração, aumentar o interesse de potenciais clientes e promover um continuo update do espaço. Temos já algumas empresas interessadas em utilizar o espaço para estudar o workflow do processo de venda». refere o responsável do Citeve.

Quanto aos objetivos para 2015, o Citeve focar-se-á no desenvolvimento do negócio, apostando na promoção e divulgação da Loja do Futuro, com o intuito de transferir as soluções em demonstração para o mercado. Será dada prioridade ao upgrade pontual das soluções disponíveis de forma a assegurar uma melhor pertormance das tecnologias utilizadas. «Em 2015 olharemos também para as oportunidades disponibilizadas pelo programa Portugal 2020 no sentido de relançar a parceria com vista ao desenvolvimento de novas soluções inovadoras que possam en riquecer ainda mais o espaço da loja do Futuro», acrescenta o subdiretor. O programa Portugal 2020, uma parceria entre Portugal e a Comissão Furopeia, prevê que o Pais receba 25 mil milhões de euros até 2020 para estimular o crescimento e a criação de emprego.

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Vantajoso para clientes e marcas

Para além da cabina inteligente, na Loja do Futuro destaca-se ainda um body scanner, que recorre à tecnologia de digitalização 3D, capaz de obter cerca de 400 medidas do corpo humano em aproximadamente 10 segundos. «Os clientes da loja têm a possibilidade de saber quais são as suas medidas corporais exatas e, desta forma, podem escolher de forma mais rápida os modelos de vestuário que melhor se adaptam ao seu corpo. Os ajustes às peças também se tornam mais simples, sem que haja necessidade da pessoa vestir a peça. As empresas podem otimizar as tabelas de medidas e produzir vestuário mais adaptado às medidas dos seus clientes e conseguir uma maior satisfação do cliente», afirma Hélder Rosendo. A cabina de prova inteligente contempla ainda integração com ERP (Enterprise Resource Planning), navegação do catálogo, customização da interface, integração com redes sociais e recolha de dados de utilização.

O espaço inclui ainda uma montra interativa criada com o intuito de motivar a entrada do cliente na loja. Tem a capacidade de reconhecer o género e a faixa etária dos clientes. Somam-se prateleiras inteligentes baseadas na tecnologia RFID, que disponibilizam informação adicional sobre os produtos expostos na loja. E que reconhecem quais os artigos expostos e quando algum é levantado da prateleira é mostrada informação acerca desse artigo num ecrã. «Através de um sistema de gestão inteligente, é possível extrair um conjunto de indicadores de negócio que permitem a tomada de decisão das novas coleções na animação de loja, na programação de novas campanhas de comunicação ou na avaliação da performance de gamas específicas de produtos», esclarece Hélder Rosendo.

Por último, surge um sistema de interoperabilidade responsável pela troca de informação entre os diversos sistemas que compõem a Loja do Futuro, sendo através desta plataforma que todas as aplicações da loja interagem entre si.

Marketeer, 1 de maio de 2015

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