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Newalk (notícia de imprensa)

Materiais, componentes e tecnologia para o calçado do futuro

Inovação valoriza calçado português no mercado mundial

"O sector do calçado abraçou o paradigma da inovação há cerca de 20 anos", numa "longa tradição das empresas concorrentes participarem em projectos de investigação e desenvolvimento (I&DT) em consórcio", disse Maria José Ferreira, directora de Investigação e Qualidade do Centro Tecnológico do Calçado de Portugal (CTCP).

"As empresas que na altura o fizeram deram um grande passo e exemplo. O que se verifica na actualidade é que muito mais empresas estão dispostas a investir e arriscar nesta área, pois puderam verificar que os resultados da I&DT são necessários para diferenciar e acrescentar valor aos seus produtos" e "acreditam que este é realmente o caminho para se manterem competitivas".

O resultado mais visível dessa estratégia é o facto de que o "calçado português apresenta na actualidade o segundo preço de venda mais elevado do mundo, a seguir ao italiano", quantificou aquela responsável à VE.

A aprovação, pelo QREN, do projecto Newalk, que reúne 30 co-promotores, entre os quais 22 empresas de vários sectores da fileira da moda e oito entidades do sistema científico e tecnológico, foi o pretexto para uma entrevista com a responsável pela investigação do CTCP.

O Newalk está enquadrado nos planos de acção do sector do calçado e da fileira da moda, tendo sido suportado pelas iniciativas/redes Shoelnov e Footure da APICCAPS (Associação Portuguesa do Calçado Artigos de Pele e seus Sucedâneos) e do CTCP e pelo projecto-âncora F2F da APCM (Associação Pólo de Competitividade da Moda).

"Os projectos de I&DT do sector partem de necessidades ou oportunidades identificadas pelas empresas ou entidades do sector, frequentemente o CTCP, que estimula o desenvolvimento de soluções inovadoras através de parcerias entre empresas e entidades de I&DT", explica Maria José Ferreira.

Nessa perspectiva, "o sector do calçado, ao longo dos últimos 20 anos, tem promovido a aproximação e a cooperação entre as universidades e outros centros ou empresas de I&DT e as empresas da fileira do calçado". Estas parcerias são "no geral estáveis, o que potência o entrosamento entre as empresas e as entidades do sistema científico e tecnológico".

Modelo reforça cooperação

No caso presente, o projecto Newalk "foi organizado para inovar, e, por essa via, alavancar intervenções reais na fileira do calçado nos domínios identificados como relevantes", contribuindo para "a competitividade de todas a empresas co-promotoras envolvidas: couros, componentes, sistemas, tecnologias e calçado".

O modelo de gestão, organização e disseminação de resultados proposto no projecto deverá promover "um forte entrosamento entre as empresas co-promotoras e entre estas e o mercado real nacional e internacional e prevenirá conflitos de interesse" entre si, explica aquela responsável.

O projecto Newalk prevê um investimento de 5.061.992,75 euros, com incentivo total de 3.553.160,70 euros e incentivo não reembolsável de 3.234.754,94 euros efectivamente suportados pelo QREN. Quanto a resultados, é convicção de Maria José Ferreira que estes surgirão já a partir de 2012 e até 2014.

Na prática, o Newalk — Materiais, Componentes e Tecnologias para Calçado do Futuro é descrito como um projecto que visa o "desenvolvimento integrado e sinérgico de novos materiais, componentes funcionais e tecnologias avançadas para a criação, produção e comercialização de calçado diferenciado".

Este intervém essencialmente em seis grandes áreas: calçado baseado no conhecimento, tecnologia e design, que visa o desenvolvimento de calçado de moda customizado de elevado desempenho e conforto, calçado de criança "crescer saudável" e calçado para seniores "viver melhor".

Em segundo lugar, calçado para a saúde e bem-estar em indivíduos nomeadamente com problemas de varizes nas pernas, lesões músculo esqueléticas, equilíbrio e postura, regulação térmica ou nas alergias e fungos no pé.

Depois surgem "os novos materiais, produtos químicos e dispositivos funcionais", como couros com novos acabamentos e texturas; materiais de sola biodegradáveis; novos produtos químicos para valorização estética e funcional de couros, solas e calçado; e dispositivos mecatrónicos inovadores.

Em seguida, "a tecnologia avançada na produção e de valorização do calçado, incluindo tecnologias inovadoras para aplicação no desenvolvimento de produtos de moda" e "a logística flexível e integrada da planta fabril num sistema de logística flexível e integrada de suporte ao armazenamento e distribuição à produção dos materiais e componentes", designado sistema Flexi-FlowSupplyProduction.

Finalmente, o projecto visa desenvolver metodologias e sistemas inovadores de controlo de qualidade. Pretende-se ainda que "estas metodologias possam conduzir a novas normas internacionais harmonizadas e assim aumentar os níveis de qualificação dos produtos".     

Vida Económica, 18 de Fevereiro de 2011

 

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