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Estudo: natureza das tarefas influencia rapidez do movimento em pacientes pós-AVC (Jornal Médico)

Investigadores do Porto concluíram que a natureza da tarefa que os pacientes saudáveis e em pós-AVC pretendem desempenhar tem implicações no tempo e na qualidade de execução do movimento, sendo este mais rápido quando associado a objetos com função específica.

O projeto HUMERAL - 'Human Motor (re)Learning: the use of sensor information fusion' ((Re)Aprendizagem motora humana: o uso da fusão de informação de sensores) –, foi financiado pela Fundação Bial e teve como principal objetivo verificar o papel, em termos de rapidez e precisão, dos movimentos do membro superior executados por pessoas com diagnóstico pós-AVC, consoante o tipo de objeto e o contexto (instrução).

De acordo com declarações prestadas à Agência Lusa, a investigadora Mariana Silva e a responsável do projeto Sandra Mouta, o mesmo estudo permitiu verificar que os padrões do movimento, tanto no que se refere ao tempo como à precisão, são influenciados pelo objeto que está a ser manipulado, diferindo quando se trata de um objeto com uma função associada, como uma garrafa, ou de um sem função específica, como uma caixa de cartão.

Também o tipo de instrução tem influência nestes dois parâmetros, quando são comparadas tarefas intencionais, como beber, com movimentos sem finalidade específica, como levantar um objeto, explicaram as investigadoras do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC).

"Sabemos que existem técnicas adotadas pelos fisioterapeutas para se focarem na estimulação de grupos musculares específicos e que há uma recuperação da atividade motora nos meses subsequentes ao AVC. Contudo, a recuperação da atividade motora do membro superior é habitualmente mais lenta, comparativamente à recuperação da marcha, e não completamente conseguida", referiram as investigadoras.

Para as investigadoras, era essencial perceber de que forma a reabilitação pode ser mais direcionada para tarefas com implicações diárias, possivelmente contribuindo para uma melhoria da recuperação motora e, por fim, que se traduzisse numa maior autonomia por parte dessa população.

Os resultados obtidos neste projeto, como referiram, ajudam a identificar condições que potenciam a aprendizagem motora e a suportar o desenvolvimento de metodologias ou tecnologias de apoio ao treino e reabilitação física.

"Este suporte pode passar, por exemplo, pela seleção dos melhores estímulos, tarefas e 'feedback' a serem utilizados durante as sessões de treino motor ou cognitivo", indicaram.

Os dados para o estudo foram recolhidos no Laboratório de Biomecânica do Porto (Labiomep) da Universidade do Porto, fazendo parte da primeira amostra participantes sem qualquer patologia ao nível dos sistemas motor e percetivo.

Posteriormente, foi realizada a coleta de dados de indivíduos com um diagnóstico específico - AVC unilateral na artéria cerebral média -, confirmado com exame neuroimagiológico e relatório médico, cujo período pós-AVC fosse de, pelo menos, seis meses.

Foram também tidos em conta outros fatores que pudessem influenciar os resultados do estudo, como dores musculares ou patologias neuromusculares e défices ao nível percetivo ou cognitivo.

No projeto participaram ainda o professor do INESC TEC Miguel Velhote Correia, duas fisioterapeutas da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto, um técnico do Labiomep, uma investigadora de Ciências do Desporto, do Instituto Politécnico da Guarda, e outros colaboradores das áreas de engenharia e fisioterapia.

Jornal Médico, 16 de março de 2017

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