A iniciativa, promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e pela Ciência Viva - Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, contou com a colaboração do INESC TEC.

José Manuel Mendonça, Presidente do Conselho de Administração do INESC TEC, esteve presente na sessão de abertura do evento, numa intervenção em que reforçou a importância do conhecimento e dos avanços científicos para os progressos social e económico, bem como o papel das instituições de investigação e dos laboratórios associados nesse desígnio.

Inserida no ciclo de conferências "Caminhos do Conhecimento", criado em 2016 com o objetivo de homenagear José Mariano Gago no dia do seu nascimento, esta iniciativa acolheu mais de 500 participantes, entre eles cientistas, investigadores, professores, estudantes, jornalistas e outros interessados na matéria.

Entre os convidados, destacaram-se o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, o Presidente da Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, Alexandre Quintanilha, e a Presidente da Ciência Viva, Rosalia Vargas.

“Os cientistas são os novos descobridores”

“Já nos anos 80, Mariano Gago tinha uma estratégia para a Ciência em Portugal, pois via o País como inseparável da aposta no conhecimento e na mobilização da ciência para além da realidade académica”. Foi assim que Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, começou por refletir sobre as políticas para a área da Ciência, na sessão solene integrada no evento e intitulada “O Conhecimento como Compromisso para o Futuro”.

“Um dos problemas em Portugal é a descontinuidade das estratégias, mas isso não aconteceu com a Ciência”, defende o Presidente, já que “Portugal é um país diferente de 1987”. Apesar das inúmeras mudanças políticas que vão acontecendo, os avanços científicos permaneceram e foram essenciais para a evolução do País e, neste caminho, “a prioridade deve ser dada ao conhecimento”. Para Marcelo Rebelo de Sousa, “os cientistas portugueses são os novos descobridores”.

Por sua vez, Manuel Heitor, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, reforçou alguns dos desafios que se apresentam a Portugal, num percurso necessário de aproximação das médias europeias. Em primeiro lugar, e porque o “conhecimento não tem limites, são as instituições que os impõem”, é importante “partilhar as responsabilidades entre os setores público e privado”. Por outro lado, segundo Manuel Heitor, Portugal tem “capacidade para formar quadros doutorais qualificados”, mas tem um problema em reter recursos humanos. “Os investigadores são agentes da mudança”, mas a precariedade não contribui para o desenvolvimento do setor.

 Países africanos juntos pela Ciência

Elizabeth Rasekoala, Presidente da African Gong, a Rede Pan-Africana para a Popularização da Ciência e da Tecnologia, foi a convidada de honra nesta comemoração, dando a conhecer uma visão internacional da necessidade de produzir ciência e de criar parcerias entre diferentes países para levar a ciência até à população, de forma adequada às características de cada sociedade.

Reconhecida lutadora pelo acesso global à cultura e à educação científicas, Elizabeth Rasekoala reforçou que “Portugal é um país com muitas oportunidades, nomeadamente a capacidade de disseminar ciência noutra língua que não o inglês, muito importante uma vez que muitos países africanos falam português”. Enalteceu o legado de Mariano Gago e defendeu que a sua “luta pela Ciência deve ter continuidade nas gerações mais novas e chegar ainda mais longe”.

Mariano Gago e a luta pelo conhecimento científico

José Mariano Rebelo Pires Gago nasceu a 16 de maio de 1948, licenciou-se em engenharia eletrotécnica, foi professor universitário, cientista e ainda político, desempenhando funções de Ministro da Ciência entre 1995 e 2002. Destacou-se pelo seu papel na sociedade, dando um forte contributo para o desenvolvimento do conhecimento e da cultura científica em Portugal. A sua visão integrada do setor fez dele uma referência e permitiu criar mecanismos capazes de impulsionar a investigação e a produção científica nacionais.

Alexandre Quintanilha, Presidente da Comissão Parlamentar Educação e Ciência, foi outro dos convidados presentes a elogiar a contribuição de Mariano Gago para a área da Ciência, reconhecendo que “o conhecimento e a inovação sempre foram parceiros” e que, uma vez que o “futuro depende do conhecimento”, é possível, através do “direito a sonhar dado pela democracia”, valorizar as potencialidades de investigação do País.

Durante a cerimónia, foi ainda apresentado o livro "Caminhos do Conhecimento - O legado de José Mariano Gago", uma obra que reúne diversas intervenções e contributos, numa compilação que resulta da primeira conferência, que ocorreu a 16 de maio de 2016.

Consagração do Dia Nacional dos Cientistas

“A instituição do Dia dos Cientistas tem como objetivo celebrar e reconhecer o papel dos Cientistas na sociedade portuguesa. São os Cientistas, por excelência, inspirados pela curiosidade e obediência ao pensamento crítico, os principais representantes e atores do processo de descoberta e inovação, agentes de mudança, de modernização e renovação persistente”.

É assim que começa o projeto de resolução apresentado na Assembleia da República, aprovado por unanimidade, com o objetivo de consagrar o dia 16 de maio como o Dia Nacional dos Cientistas.

“A instituição do dia nacional dos Cientistas pretende ser um momento de celebração e de enaltecimento deste potencial de excelência que deve envolver a comunidade Científica, cientistas, as instituições públicas e privadas do setor”.